sexta-feira, fevereiro 09, 2007

«Contado ninguém acredita»

Tinha feito todos os planos para hoje ir ver o filme: «Pecados Íntimos»... entretanto devido à hora de exibição, resolvi ir ver
«Em busca da Felicidade»...vou eu toda lampeira para o Alvaláxia, peço o bilhete para a sessão das 18 horas e...a menina diz-me:
esse filme começa às 19h 10m...eu nem queria acreditar; disse-lhe que era impossível e ela respondeu-me:
está errada a hora do filme nos jornais;
eu disse-lhe: eu não vi em nenhum jornal pois já estou escaldada com as informações erradíssimas que os jornais dão, eu vi na internet. Continua o estupido diálogo: também está errado na internet...e, afinal, pergunto eu:
ONDE SERÁ QUE PODEMOS TER ESSAS INFORMAÇÕES CORRECTAS, se os 2 meios de comunicação: jornais e internet estão a enganar as pessoas, com notícias erradas???
Francamente...
Fui ver um outro filme que não estava nos meus planos:
CONTADO NINGUÉM ACREDITA
O alemão Mark Forster entrou na lista dos realizadores a ter em conta, graças a dois sucessos consecutivos:
"Monster"s Ball" / "Depois do Ódio" (2001), também vi...apenas notório, porque recebeu o Óscar de melhor actriz para Halle Berry, no ano de todos os afro-americanos, e "À Procura da Terra do Nunca" (2004).
Agora, "Contado Ninguém Acredita" (título português convenientemente inacreditável para "Stranger Than Fiction")pouco tem a ver, estilisticamente, com as obras anteriores.
Esta estranha fábula autoconsciente, em que uma personagem de romance se apercebe da voz da narradora, que planeja matá-lo, no final do romance.
"Contado Ninguém Acredita" cumpre a sua função de prender a atenção do espectador, enredando-o numa teia complexa de jogos, dentro e fora das personagens, autoreflexão sobre os mecanismos ficcionais: Harold Crick (um Will Ferrell controlado e minimamente credível num funcionário dos impostos) "existe", mas depende da trama de uma criadora, habituada ao trágico mau hábito de conviver com a morte (Emma Thompson, igual a si própria, requintando no sotaque britânico) e à necessidade de resolver os seus romances com fim infeliz. Para completar a panóplia de nomes consagrados, Dustin Hoffman confere ao seu professor de Teoria da Literatura uma outra instância de recurso, dentro da inflexão das peripécias, uma ironia apropriada. Queen Latifah reduz-se ao papel de coadjuvante, numa agente sem outra função do que a de ajudar a completar a acção da escrita, disciplinando a escritora-narradora. Por fim, Maggie Gyllenhall funciona como pólo de interesse romântico, a dona de uma pastelaria, a desencadear no neutro e assexuado protagonista instintos de sobrevivência e razões para querer inverter o "inevitável" final infeliz.
Tudo muito bem (demasiado) encadeado, tudo no seu lugar, para permitir aceder à alteração das expectativas. Em tom de tragicomédia, assistimos, pois, ao ponto de retorno: a narradora cede às razões da personagem, dando-lhe a oportunidade de amar e "estraga" a perfeição do seu epílogo, tal como o filme, consciente de todos os seus cordelinhos, desde o início, "arruína" as suas capacidades para surpreender, enquanto corresponde ao plano, cuidadosamente explanado de se autorevelar. O problema é mesmo esse: à força de querer mostrar-se diferente, constrói um labirinto de "déjà vu", sem remissão, uma fábula pós-modernista, com o pós-modernismo à vista.
1º filme visto neste mês de Fevereiro; no próximo post falarei dos filmes que vi no mês de Janeiro/2007.

9 Comments:

At 9/2/07 09:48, Blogger Isabel Filipe said...

bom fim de semana para ti

Bjs

 
At 9/2/07 11:07, Anonymous Anónimo said...

Olá!

Passei para te ler
e deixei um grande Abraço.

Desculpa não comentar o post, mas ultimamente ando um pouco afastado das salas de cinema!

Um Bom Fim-de-Semana

 
At 9/2/07 15:08, Blogger Andreia said...

Uma pessoa já não se pode confiar!

 
At 9/2/07 17:17, Blogger poetaeusou . . . said...

Mais uma nova faceta...
Cinéfila ??? e logo critica !!!
Visconti, Fellini, Rosselini.
"safaram-se" de Boa...
Do tecklado... da Kalinka.
bj)

 
At 9/2/07 17:22, Anonymous Anónimo said...

Apesar dos contratempos aconselho o "Pecados Íntimos". Bjs

 
At 9/2/07 19:03, Blogger a d´almeida nunes said...

É assim, Kalinka. Andadamos por aí nas andanças das nossas vidas e nem sempre dispensamos o tempo necessário para as pessoas de quem nos afeiçoamos, por um motivo ou por outro.
Quanto ao livro imagino a tua sensação ao senti-lo nas mãos e ao desfolhá-lo. É uma sensação incrível. É muito compensador ver e sentir um livro que é um bocadinho de nós. Lá fica parte da nossa alma, considerando que ela é infinita. Sei-o por experiência própria.
Gostei imenso do teu poema à tua Mãe. Fiquei muito sensibilizado. Até por as estar a imaginar juntas em Moçambique, uma das terras que mais me encantaram. E quão jovem eu era!...
Um beijinho
António

 
At 9/2/07 21:04, Blogger Entre linhas said...

Passei por aqui para te desjar um óptimo fim de semana.

Com muita alegria, paz e muito amor

Jinhus nesse teu coração doce


Zita

 
At 9/2/07 22:32, Blogger Escorpiana Explosiva said...

Passei aqui para conhecer seu cantinho e adorei muito se vc me permitir em voltar eu volto.Falando de cinema nunca fui ate mesmo quando morava na cidade grande,hoje moro no interior mas pelo nome deve ser muito bom esse filme Pecados Íntimos se eu tivesse que ir assistir perderia alguns minutos só para assistir.

Um abraço.


Um abraço.

 
At 10/2/07 17:54, Anonymous Anónimo said...

Já vi que , tal como eu, és uma cinéfila apaixonada. Este filme, "Contado Ninguém Acredita" é de facto um filme que prende a tenção do espectador e o diverte, e pode até servir de alguma meditação, sobre os perigos da rotina. Estive para comentar este filme numa coluna mensal que tenho numa publicação, mas optei por comentar o filme "Em Busca da Felicidade" que é também um filme interessante, e que pode ser considerado um a lição de vida,até porque é baseado num facto verídico. Mas outros filmes de qualidade estiveram em exibição em Janeiro, " Scoop" de Woddy Allen; !As Bandeiras dos Nossos Pais" de Clint Weastwood. Esperamos agora poar" Cartas de Iwo Jima", sobre o mesmo tema e do mesmo realizador. Um beijinho Kalinka, e bons filmes.

 

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