domingo, julho 10, 2005

AMIGOS

Amigos
Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor.
Eis que permite que o objecto dela se divida em outros afectos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!
Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto a minha vida depende de suas existências ...
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem.
Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.
Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar. Alguns deles podem ler este artigo e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.
Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. (se isto acontece é para não perturbar a vida diária cheia de stress e responsabilidades).
E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários. De como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, trêmulamente construí, e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo! Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles.
E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo. Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.
Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer ...
Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!
A gente não faz amigos, reconhece-os.

5 Comments:

At 10/7/05 21:40, Blogger Dilbert said...

Oi Kalinka,
Fico muito contente por te ver falar assim. Adoro ver-te assim animada e de bem com a vida. Um grande beijão linda.
Até já...

 
At 10/7/05 22:53, Blogger Isabel Filipe said...

Oi....

isso... gostei de ler....
faz parte do meu modo de estar na vida... cultivar amizades... acho que vale a pena...

Beijokitas para ti

 
At 10/7/05 23:35, Anonymous Anónimo said...

"O meu casaco e eu vivemos juntos. Adquiriu todas as minhas rugas,e não me magoa em sítio nenhum,pois adaptou-se às minhas deformidades,é complacente com todos os meus movimentos e apenas sinto a sua presença porque me aquece.
Os casacos velhos e os velhos amigos são a mesma coisa." VICTOR HUGO

É isso,amiga Kalinka. Conhecemo-nos há mts anos, mas "os meus constantes movimentos" na vida,fizeram com que não consiga arranjar o tempo para estar consigo. Com isso a Kalinka não pôde mais do que "adaptar-se às minhas deformidades".
Fazendo uso duma frase que a Kalinka usa aqui no seu blog, e que é autoria de ISABEL PATERSON, "os amigos não se fazem, reconhecem-se." Apesar de tudo é isso que eu sei que a minha amiga Kalinka vê em mim. UM AMIGO. Um amigo que sente a sua presença porque nunca a esquece. Um beijinho, e felicidades.

 
At 11/7/05 14:35, Blogger Kalinka said...

Dilbert e Isabel, vocês foram mesmo a mola impulsionadora que me fez, durante o domingo, estar mais liberta e descomprimir em 50% de tudo o k me tem atormentado nos ultimos 2 meses, podem crer.
Os outros 50% são problemas + graves que não se resolvem vindo ao blog, infelizmente, assim fosse!
O meu estado de espírito normal é este k aqui estão a ver, positiva, persistente, decidida, divertida e humilde...mas, também tenho as minhas crises como todo o ser vivo. MUITO OBRIGADO pela atenção que me deram, estou eternamente grata aos dois. Beijos.Boa semana.

 
At 11/7/05 14:47, Blogger Kalinka said...

Meu querido Paulo,
Que bela surpresa...!!! nem imagina o bem k me fez qd vi um comment seu, juro. Para quem cá vem, julgo eu pela 2ª vez desde o início do blog, é uma maravilha ter escolhido este momento em k tenho andado muito por baixo, aliás, hoje é o meu 1º dia de atestado médico, atingi os meus limites e, qd isso acontece não há nada a fazer, a médica manda e eu só tenho k obedecer, se kero viver + alguns anitos c/qualidade de vida.
Pois é, Paulo, conhecemo-nos há uns 7 anos, mas a distância tem sido negativa na sequência do brilho da nossa amizade, mas é bom saber k mesmo ao fim deste tempo, estou na sua memória, e, aparece qd + é preciso, sinal próprio do k se reconhece como AMIZADE.
É verdade, o Paulo bem viu o k eu sofri ao início do «nosso afastamento» devido à sua agitada vida e como diz, tive k adaptar-me às suas deformidades, que remédio!
Que bom saber que «nunca me esquece»!!! Felicidades e beijos para si e Ana. Muito obrigado por ter vindo, e continue sempre k o tempo lhe permitir.

 

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