Afinal, o que é o BULLYING...???
A imprensa internacional tem apresentado com frequência pouco usual histórias como a do jovem espanhol Jokin Cebrio, de 14 anos, que se atirou das muralhas da cidade de Hondarribia, no País Basco, onde vivia, para pôr fim a mais de um ano de tormento na escola.
Jokin era sistematicamente perseguido e maltratado pelos colegas.
Calou-se e foi aguentando. Acabou por criar coragem e contou aos pais o que se passava e quem o maltratava. Mas quatro dias depois de o ter feito, suicidou-se.
Jokin tornou-se um caso emblemático, tendo sido nos últimos meses referido um pouco por todo o mundo.
E ficou claro que o bullying não é um problema só de Espanha. É um mal comum a inúmeros países. Portugal não escapa a esta realidade. A violência entre pares na escola talvez não tenha levado jovens portugueses a pôr termo à vida, mas existe e provoca danos.
Dados recolhidos em Portugal, no âmbito do estudo Health Behaviour in School-aged Children (HBSC), da Organização Mundial de Saúde (OMS), em que foram entrevistados 6131 jovens do 6.º, 8.º e 10.º anos de todo o país, revelam que 23,3 por cento dos rapazes e 13,9 por cento das raparigas afirmaram ter sido vítimas de bullying duas ou três vezes por mês. Ao mesmo tempo, 13,9 por cento dos rapazes e 7 por cento das raparigas reconheceram ter agido como provocadores dos seus pares duas ou três vezes por mês.
Mas, afinal, o que é o bullying?
Mas, afinal, o que é o bullying?
Alguns investigadores nacionais traduzem esta expressão como violência entre pares no contexto escolar. Outros preferem os termos provocação ou perseguição. Maus tratos e abuso são também expressões que surgem quando há referência a este fenómeno. De acordo com a psicóloga Margarida Matos, que coordenou os últimos quatro estudos HBSC da OMS realizados em Portugal, o termo surgiu para definir uma situação específica, que não se resume unicamente à agressão física. “É a provocação verbal, o chamar nomes, o deixar de lado, o fazer boatos. De forma repetida e sistemática. São situações em que muitas vezes a vítima não consegue explicar muito bem sem se arriscar a cair no ridículo.” É feito de forma intencional, com o objectivo de provocar mal-estar, de ganhar controlo sobre a outra pessoa e demonstrar poder. Pode acontecer mesmo no âmbito pré-escolar e é identificado em todos os estratos sociais. Ou seja, tanto nas escolas de bairros degradados como nos colégios particulares.
Os tipos de maus tratos (bullying) variam com as características das escolas, a sua população, cultura e clima escolar”, observa Ana Tomás de Almeida, do Instituto de Estudos da Criança da Universidade do Minho.De acordo com esta especialista, “é conhecido que há um aumento do fenómeno no final da idade escolar, que se prolonga até por volta dos 14 anos, com tendência a diminuir daí em diante. A tipologia dos comportamentos de maltrato também varia com a idade e com o género, com as raparigas a recorrerem a formas mais encobertas (rumores, histórias e ditos que têm um efeito de exclusão social) e os rapazes a usarem mais a provocação e a coacção física e psicológica”. O recreio, os corredores e as casas de banho da escola, onde a vigilância é muitas vezes mais reduzida, tendem a transformar-se em palco privilegiado para estas acções predatórias.
Os tipos de maus tratos (bullying) variam com as características das escolas, a sua população, cultura e clima escolar”, observa Ana Tomás de Almeida, do Instituto de Estudos da Criança da Universidade do Minho.De acordo com esta especialista, “é conhecido que há um aumento do fenómeno no final da idade escolar, que se prolonga até por volta dos 14 anos, com tendência a diminuir daí em diante. A tipologia dos comportamentos de maltrato também varia com a idade e com o género, com as raparigas a recorrerem a formas mais encobertas (rumores, histórias e ditos que têm um efeito de exclusão social) e os rapazes a usarem mais a provocação e a coacção física e psicológica”. O recreio, os corredores e as casas de banho da escola, onde a vigilância é muitas vezes mais reduzida, tendem a transformar-se em palco privilegiado para estas acções predatórias.
Há quem ainda veja estas acções como coisas da idade. “Não deixa de ser preocupante que alguns ainda continuem a pensar que estas práticas de poder e os abusos sempre existiram, que as crianças têm de aprender a defender-se, que são coisas de criança e não são nada de mais, que na sua escola não há violência… Efectivamente, alguns estereótipos correspondem a representações sociais que perpetuam a violência e tendem a legitimá-la. Tal pode ser muito perigoso, particularmente porque a violência não forma o carácter, não é inofensiva, não é divertida, não é aceitável.
A solução não é nem pode ser ocultar”, sublinha Ana Tomás de Almeida.
7 Comments:
Trazes à baila uma questão importante e que está, cada vez mais, na ordem do dia.
Como prof e membro de Conselhos Executivos que fui durante muitos anos, lidei com esse problema do bullying muito de perto.
Os órgãos de gestão das escolas têm, desde há muito, instruções do Gabinete de Segurança do ME, para, quando detectarem casos nessa área, e eles são frequentes, preencherem e enviarem para esse órgão, uma ficha de relato de ocorrência. Só que, a maioria não o faz. Porque dá trabalho, porque há muita outra burocracia a desenvolver e , sobretudo, porque os casos são tantos que, seguramente, todos os dias teriam de se elaborar uma boa meia dúzia desses relatos.Ou mais.
No entanto, se todas as escolas cumprissem esse preceito, o Ministério ver-se-ia diariamente invadido por umas dezenas de milhar de participações. E, então, a Ministra já teria dificuldades em afirmar, como o fez outro dia, que a questão da violência e indisciplina nas escolas é insignificante e residual.
Continua, que vais no bom caminho.
hoje o tema é muito tocante, pois é um tipo de violência que vem mascarada na forma de “brincadeira”, melhor dizendo uma "brincadeira" como eles dizem, mas que não tem graça alguma podendo
acarreta sérias consequências ao desenvolvimento psíquico dos alunos, pode gerar desde queda na auto-estima até, em casos mais extremos, o suicídio e outras tragédias
mais vigilância nas escolas, será que resulta?, acredita que não sei
Sei que caminhamos a passos largos para o que acabas de descrever e a violência e a indisciplina nas escola cresce de uma maneira assustadora
um excelente tema este Kalinka, gosto de passar por aqui parate ler
beijinhos meus e muita força
lena
lá minha muito QUERIDA AMIGA ...antes de mais o meu muito obrigada pelas tuas palavras sempre tão carinhosas ainda mais no dia do meu aniversário ... agradeço-te muito o teu carinho e a tua constante atenção.
O tema que aqui apresentas é delicado como o são todos aqueles que involvem violência física e psicológica. E advogo a 100% a opinião contida na última frase do teu belo post ... a solução é e será frente enfrentar os problemas de frente e dar-lhes a atenção que eles merecem.
Fica um GRANDE beijo encaracolado cheinho de carinho, como tu sempre mereces. :)
PERDÃO!!!
Não querendo dissertar de momento este tema, apesar de oportuno...
Venho apenas humildemente... pedir perdão... melhor explicado no seu local próprio... terreiro da ofensa!
Espero ser digno da tua benevolência cara amiga...
Voltarei para comentar o artigo, rápida recuperação...
Beijo, deste pecador confesso!!!
Não é fácil falar sobre o assunto. Eu não tinha lido essa reportagem da revista "Máxima", mas tive uma conversa com um rapaz de 17 anos que me disse que na sua escola (Damaia-Amadora), não se tinha apercebida de nada de anormal, para além de casos pontuais com certos rapazes africanos. Contudo, por tudo o que está explicado no texto, não sendo um caso alarmista, é um caso que merece uma análise e um estudo comportamental que leve a conclusões aceitáveis e conduzam a soluções, quaisquer que elas sejam.
Como já disse, as nossas opiniões não passam disso mesmo.
Mas o que eu reparo é que os comportamentos adquirem-se. "Alguma coisa" gera comportamentos.
A juventude destas duas últimas gerações depara-se à nascença com um manancial de "instrumentos" que dantes não existiam. Num rápido relance, o cinema "passou" das salas para a televisão, que entra em casa de toda a gente, com filmes de violência, como nunca tinha existido antes (dezenas de filmes diários). As telenovas televisivas (nem sei quantas, diarimente), principalmente as portuguesas, colocam a juventude a representar vigarices, ódios, trapalhadas, assassínios, brutalidades, amores feitos, desfeitos, comprados. Os jogos de computadores, os mais populares, são a destreza da violência, da luta, combates, mortes e mais mortes... Os pequenos jogos para os mais pequeninos contém bonequinhos, cujo objectivo é eliminar o inimigo, sempre matando tudo o que aparece pela frente... Cada vez mais consolas, consolinhas, pokemons e companhia...
"Tudo isto" gera comportamentos, ou não?...
Esta juventude que provoca e origina o "bullying", entre 11 e 16 anos, vêem a escola como solução para as suas vidas? Qual a concepção que eles têm ou vão adquirindo sobre "o que é a vida", "o que é o ser humano", "o que é o mundo onde eles estão inseridos"?...
Tema muito pertinente e para o qual nunca são demais os alertas. É bom que nos convençamos que não é só um fenómeno que afecta "os ourtos". Muitas vezes é uma realidade nas nossas escolas: sei do que falo, sou profesora e atenta a estas coisas. Aliás já cheguei a abordar este tema no âmbito do programa da disciplina de Inglês.
Um beijo
Kalinka,
Aqui nos EUA o problema de bullying é gravissimo ao ponto de aqui na cidade aonde vivo já terem implementado nas escolas públicas o seguinte:
Primeira ofensa - 3 dias expulsao da escola
Segunda ofensa - explusao da escola
É para veres como é grave aqui este problema...
Gostei muito do tema do post, continua
:)
Beijinhuuu
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