CONTINUAÇÃO
Começo por dizer que fiquei bastante contente com a vossa participação num tema tão importante, daí que, como sinto que recebi o feedback que eu gostaria, vou continuar um pouco mais sobre este tema que tem pano para mangas.
Muito obrigado.
“O bullying tem uma acção devastadora”, explica a psicóloga Margarida Matos.
“A pessoa sente-se mal e não sabe explicar bem porquê. Sente que está a ser provocada, mas não consegue explicar a razão ou não consegue que faça sentido. O miúdo parece sempre desasado, fica isolado.” E isso pode dar origem a reacções opostas. Ou a criança assume completamente o papel da vítima ou começa a defender-se, tornando-se agressiva perante os demais. Pode mesmo, mais tarde, vir a desempenhar o papel de provocador. Mas uma coisa é certa: a vítima calar-se-á.
O seu silêncio é recorrente. Por vergonha ou por medo.
Pais em acção
Os pais devem (... estar alerta para o problema)... mostrar-se abertos a ouvir e ponderar com os jovens... fazer com que sintam confiança e se sintam em segurança em casa, com abertura para falar sem ser pressionado, julgado ou criticado... preparar os jovens para identificar estes actos.
Ensinar-lhes que isso não é normal e que devem avisar um adulto sobre o que se passa... evitar que a vítima responda no mesmo registo violento... ensinar-lhes a argumentar, a falar sobre o tema em vez de chorar, fugir ou bater.
A aprofundar a questão e a conseguir defender a sua posição... educar para que sejam capazes de falar sobre as emoções e os afectos como quem fala de comida ou de outra coisa qualquer... estar conscientes de que não existem para resolver todos os problemas dos filhos, mas para estabelecer uma via aberta ao diálogo.
Bullying em Portugal
O último estudo realizado pela equipa liderada por Margarida Matos, no âmbito da Organização Mundial de Saúde, verificou que: Os rapazes envolvem-se em mais actos de violência na escola, quer como provocadores quer como vítimas ou em duplo envolvimento. Este envolvimento parece ter um pico aos 13 anos, embora os mais novos (11 anos) participem mais, enquanto vítimas. Estes jovens apresentam um perfil de afastamento em relação à casa, à família e à escola, e referem mais frequentemente ver televisão quatro ou mais horas por dia. Os que figuram como vítimas e os que têm duplo envolvimento afirmam mais frequentemente não se sentirem felizes e não se sentirem seguros na escola. Estes apontam ainda problemas de relação social com os seus pares – acham difícil arranjar novos amigos e dizem não ter amigos. Os que apresentam maiores queixas de sintomas físicos e psicológicos estão envolvidos mais frequentemente em comportamentos de vitimização. Os jovens que consideram difícil falar com a mãe sobre o que os preocupa, assim como os que sentem a mesma dificuldade em relação ao pai, estão envolvidos mais frequentemente em comportamentos de provocação e de duplo envolvimento. Aqueles que não têm pai ou não o vêem estão envolvidos mais frequentemente em comportamentos de vitimização...!!!
O último estudo realizado pela equipa liderada por Margarida Matos, no âmbito da Organização Mundial de Saúde, verificou que: Os rapazes envolvem-se em mais actos de violência na escola, quer como provocadores quer como vítimas ou em duplo envolvimento. Este envolvimento parece ter um pico aos 13 anos, embora os mais novos (11 anos) participem mais, enquanto vítimas. Estes jovens apresentam um perfil de afastamento em relação à casa, à família e à escola, e referem mais frequentemente ver televisão quatro ou mais horas por dia. Os que figuram como vítimas e os que têm duplo envolvimento afirmam mais frequentemente não se sentirem felizes e não se sentirem seguros na escola. Estes apontam ainda problemas de relação social com os seus pares – acham difícil arranjar novos amigos e dizem não ter amigos. Os que apresentam maiores queixas de sintomas físicos e psicológicos estão envolvidos mais frequentemente em comportamentos de vitimização. Os jovens que consideram difícil falar com a mãe sobre o que os preocupa, assim como os que sentem a mesma dificuldade em relação ao pai, estão envolvidos mais frequentemente em comportamentos de provocação e de duplo envolvimento. Aqueles que não têm pai ou não o vêem estão envolvidos mais frequentemente em comportamentos de vitimização...!!!
E quem é a vítima?
“Tendem a ser aquelas crianças que se distanciam de alguma forma das demais”, explica a psicóloga. Esta diferença pode dar-se por características físicas, culturais ou de outra natureza. “Mas são também jovens com falta de competências sociais, passivos, que não se organizam para se queixar.”“As vítimas tendem a obter pontuações mais baixas de auto-estima contra valores elevados de depressão, ansiedade e solidão, comparativamente com os seus congéneres”, aponta Ana Tomás de Almeida num artigo escrito por Cristina del Barrio no livro Violência e Vítimas de Crimes, Volume 2 (Quarteto).
E os agressores?
“Os provocadores típicos são descritos como sendo agressivos e fisicamente fortes”, escreve, por sua vez, Margarida Matos. “Envolvem-se mais em comportamentos de risco para a saúde, tais como o tabagismo, consumo de álcool em excesso e consumo de drogas” e “têm maior probabilidade do que os outros de se envolver em delinquência e violência.” São jovens que “não estão reconciliados com a escola, têm performances abaixo da média, não estão plenamente integrados e eles próprios sentem-se discriminados”, acrescenta a psicóloga, em entrevista. Muitas vezes os agressores foram massacrados de alguma forma. “Às vezes, é um ciclo vicioso: são maltratados pela mãe, que é maltratada pelo pai, etc.”
E o bullying não é negativo apenas para a vítima.
O comportamento do agressor é uma prova clara de que também necessita de atenção urgente. Mas, de acordo com o norueguês Dan Olweus, o bullying também é nocivo para o resto da turma e para o ambiente escolar, afectando a aprendizagem de todas as crianças.Em Portugal, “há reacções muito diferenciadas e não é possível generalizar. As escolas estão a pôr em marcha respostas e medidas. Há uma sensibilização crescente e isso pode evitar atitudes de baixar os braços e a tendência a dramatizar e considerar que não se pode fazer nada. Há muitos programas que podem ser adoptados e adaptados à realidade de cada escola. Há várias abordagens e diferentes modelos de intervenção, o que pode ser indicador da competência para a acção dos professores e do sistema educativo”, observa Ana Tomás de Almeida.
Só acrescento: Tirem as vossas conclusões.
6 Comments:
Interessante. Fico a pensar. Vá-se lá entender o ser humano! Por vezes somos uns monstros.
Amiga Kalinka,
...o assunto que tem em debate é do maior interesse para mim, sendo eu mãe de três rapazes dois deles adolescentes.Mas agora não vou entrar em mais pormenores porque só dei uma vista de olhos nos dois posts.Voltarei para ler tudo com muita atenção...é que sabe hoje estou muito ocupada em preparativos...pois amanhã sou pequenina.
Um beijo.
Quanto ao problema de saude que teve espero que esteja tudo a correr bem, já agora aproveito para lhe dizer que quase perdi os meus dois filhos mais velhos por causas semelhantes...excesso de confiança de alguns menbros da classe médica...repito alguns.
Como já disse, na minha vida profissional, tenho contactado por diversas vezes com esse problema. Aliás tenho a convicção de que, mais dias menos dia, os responsáveis políticos vão trazer para as escolas medidas disciplinares mais gravosas do que as actuais.
Kalinka, espero que a tua saúde esteja em francas melhoras.
o Tema é realmente muito interessante e muito actual, como sempre.
..."Os pais devem (... estar alerta para o problema)"...
esta é uma grande verdade, e nem sempre nos apercebemos do que se passa á nossa volta...
Bjs e continuaçao das tuas melhoras
Bjs
:)
A opinião que tinha êxpu-la no post anterior. A gravidade do problema não pode nem deve ser ignorada. A intervenção terá que partir dos responsáveis escolares e familiares. A consciência colectiva evolui segundo a evolução da consciência individual. O alerta terá que partir de cada caso e a prudência deve acompanhar o fenómeno. A raiz de todo e qualquer problema social permanece e cresce enquanto interesses gerarem comportamentos. E só não vê quem não quer ver: porque se endivida cada vez mais a população portuguesa? Porque há tanto insucesso escolar? Porque estão 30 ou 40 mil pessoas num estádio de futebol? Porque morre tanta gente nas estradas portuguesas? Porque se transmitem 3 telenovelas seguidas no mesmo canal de televisão em horário nobre? Porque se esperam meses por uma operação nos hospitais portugueses?... Quantos perguntas poderia ainda aqui acrescentar?...
A política regulamenta a nossa vida do dia-a-dia. Interesses financeiros e económicos determinam alterações na vida das pessoas. Meio milhão não tem emprego. Tudo parece organizado para influenciar o conhecimento do zé-povinho. Toda a máquina que faz mover uma população "gera comportamentos"! Quando a degradação do comportamento atinge a juventude, a gravidade duplica. Só a renovação da consciência individual pode gerar uma mudança!
Venho agradecer a todos vós, a vossa simpática e dedicada participação neste tema, tão delicado e actual, além de perigoso, pois coloca a vida das crianças em perigo.
MUITO OBRIGADO.
Beijokas agradecidas.
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