DE TARDE...
José Joaquim Cesário Verde
(1855-1886)
nasceu em Lisboa.
Matriculou-se no
curso de Letras
da Universidade de Lisboa,
mas desistiu,
indo trabalhar para
a loja de ferragens
que seu pai tinha
na Rua dos Bacalhoeiros.
Começou a publicar poesias no Diário de Notícias, no Diário da Tarde, no Ocidente, entre outros. Adoecendo gravemente, fixa-se na quinta da família em Linda-a-Pastora.
Morreu tuberculoso ainda muito novo.
Foi graças aos esforços do seu amigo Silva Pinto que as suas poesias são postumamente publicadas em volume com o título O Livro de Cesário Verde (1887).
DE TARDE
Naquele pique-nique de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o Sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpuro a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!
20 Comments:
De repente pareceu-me ouvir a voz do João Villaret a recitar este poema...
A força com que ele dizia "o ramalhete rubro das papoulas"...
Que bonito, obrigada Kalinka
Que bom teres trazido este poema de Cesário verde. Há tanto tempo que o não lia.
Um beijo grande para ti , Amiga.
Bela poesia, Cesário Verde tem esta capacidade de nos encantar com as coisas simples e mostrar que os momentos do quotidiano podem ser sublimes!!! ;-)
Que tenhas um excelente 2007
Beijos
O nosso jantar não é propriamente digno dos poemas de Cesário, mas é sempre muito giro. Aguardamos a inscrição.
Um abraço. Augusto
Olá Kalinka!
Boa lembrança!!
Um grande poeta e um poema que de tão simples que é, mostra bem a grandeza do seu autor.
Gostei imenso!
O vídeo tb é uma belíssima escolha!!
Um beijinho soprado
Ah, finalmente... anda para aí um bug hoje no blogspot, é um acaso conseguir aceder a alguns blogues e aos coments nem se fala. Tb é possível que comente e que não apareça aí, vamos ver, como já aconteceu noutros blogues, esperemos que isto fique resolvido rapidamente. O que vale é que eu gravo sempre os comentásrios quando prevejo algum problema...
Mas, pronto, passemos ao essencial: ah, obrigado aos teus comentários todos no meu blogue, ajudaste-me a bater o recorde de comentários, hehehe...
Sobre Cesário Verde já uma vez eu tinha dito o que digo de António Variações ou até de Carlos Paião (e porque não Fernando Pessoa?): é uma pena algumas pessoas desaparecerem antes de tempo. Imaginem só o que elas não fariam se vivessem o tempo médio de vida que se vive hoje... ou se calhar viveram e deixaram o legado que tinham que deixar, estas coisas são muito complicadas... mas de Cesário Verde é um dos meus poetas portugueses preferidos do século passado e não só, talvez porque tivesse vivido no tempo do Romantismo (acho que foi nesse tempo a minha última encarnação, heheheh...)
Quanto a ti, Kalinka, espero que recuperes depressa, essas coisas esquisitas, eu tenho andado com a tensão alta depois de ter tido toda a vida a tensão baixíssima...
Para mim o blogue é quase a minha vida neste momento. Se pudesse vivia só para os blogues.
Beijokas!!! Fica bem!!!! Também sou da Margem sul, sabias?
Confesso que conheço pouco da obra, mas tenho aqui em casa alguma poesia dele...tenho de dar uma espreitadela
beijocas minha querida
"De tarde" é espectacular, não é?...
Como eu gostaria de ser poeta assim!
Espero por ti para um comentário, Kalinka!
Sempre gostei deste poema, conheci-o ainda jovem quando tive que o analisar na escola. Já passou pelo Bairro.
Optima escolha esta, para documentar a nota biográfica de Cesário Verde.
Um abraço
Lindo, lindo, como as "rolinhas" homenageadas com tanta subtileza e ardor!
Parabéns pela escolha!...
Nesse tempo não havia silicone era tudo mais puro e natural...
Mas claro que pode recitar Cesário e tudo o que quiser, não seria a única pode crer.
Um abraço. Augusto
Kalinka,
Não conhecia a sua obra mas gostei muito deste poema ...!
Parabéns pelo post ...!
Bjks da matilde e cª!
gostei de ler :)))
Um beijo grande
Cris
Quando andava no liceu estudei esse senhor!
Olá amiga,
Boa escolha gostei muito!
Beijinhos
Isa
Hoje descobri o teu blog, passei momentos optimos acompanhados pela voz da Jessica.
Parabéns
Realmente a Maria tem razão o João encaixa na perfeição com o Cesário Verde. Um abraço.
O impressionismo feito verbo... Este é, de longe, um dos textos mais emblemáticos do Autor: fazes bem em divulgá-lo =)
Kalynka! Porque será adoro este poema de Cesário Verde?
Tenho em casa O Livro de Cesário Verde.
Beijo
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