terça-feira, janeiro 09, 2007

DE TARDE...


José Joaquim Cesário Verde
(1855-1886)
nasceu em Lisboa.
Matriculou-se no
curso de Letras
da Universidade de Lisboa,
mas desistiu,
indo trabalhar para
a loja de ferragens
que seu pai tinha
na Rua dos Bacalhoeiros.
Começou a publicar poesias no Diário de Notícias, no Diário da Tarde, no Ocidente, entre outros. Adoecendo gravemente, fixa-se na quinta da família em Linda-a-Pastora.
Morreu tuberculoso ainda muito novo.
Foi graças aos esforços do seu amigo Silva Pinto que as suas poesias são postumamente publicadas em volume com o título O Livro de Cesário Verde (1887).
DE TARDE
Naquele pique-nique de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o Sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpuro a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!

20 Comments:

At 9/1/07 00:54, Blogger Maria said...

De repente pareceu-me ouvir a voz do João Villaret a recitar este poema...
A força com que ele dizia "o ramalhete rubro das papoulas"...
Que bonito, obrigada Kalinka

 
At 9/1/07 02:19, Blogger Ana said...

Que bom teres trazido este poema de Cesário verde. Há tanto tempo que o não lia.
Um beijo grande para ti , Amiga.

 
At 9/1/07 11:47, Blogger Periférico said...

Bela poesia, Cesário Verde tem esta capacidade de nos encantar com as coisas simples e mostrar que os momentos do quotidiano podem ser sublimes!!! ;-)

Que tenhas um excelente 2007

Beijos

 
At 9/1/07 13:23, Blogger augustoM said...

O nosso jantar não é propriamente digno dos poemas de Cesário, mas é sempre muito giro. Aguardamos a inscrição.
Um abraço. Augusto

 
At 9/1/07 20:18, Blogger [[cleo]] said...

Olá Kalinka!
Boa lembrança!!
Um grande poeta e um poema que de tão simples que é, mostra bem a grandeza do seu autor.
Gostei imenso!

O vídeo tb é uma belíssima escolha!!

Um beijinho soprado

 
At 9/1/07 21:50, Blogger Alexandre said...

Ah, finalmente... anda para aí um bug hoje no blogspot, é um acaso conseguir aceder a alguns blogues e aos coments nem se fala. Tb é possível que comente e que não apareça aí, vamos ver, como já aconteceu noutros blogues, esperemos que isto fique resolvido rapidamente. O que vale é que eu gravo sempre os comentásrios quando prevejo algum problema...

Mas, pronto, passemos ao essencial: ah, obrigado aos teus comentários todos no meu blogue, ajudaste-me a bater o recorde de comentários, hehehe...

Sobre Cesário Verde já uma vez eu tinha dito o que digo de António Variações ou até de Carlos Paião (e porque não Fernando Pessoa?): é uma pena algumas pessoas desaparecerem antes de tempo. Imaginem só o que elas não fariam se vivessem o tempo médio de vida que se vive hoje... ou se calhar viveram e deixaram o legado que tinham que deixar, estas coisas são muito complicadas... mas de Cesário Verde é um dos meus poetas portugueses preferidos do século passado e não só, talvez porque tivesse vivido no tempo do Romantismo (acho que foi nesse tempo a minha última encarnação, heheheh...)

Quanto a ti, Kalinka, espero que recuperes depressa, essas coisas esquisitas, eu tenho andado com a tensão alta depois de ter tido toda a vida a tensão baixíssima...

Para mim o blogue é quase a minha vida neste momento. Se pudesse vivia só para os blogues.

Beijokas!!! Fica bem!!!! Também sou da Margem sul, sabias?

 
At 9/1/07 22:53, Blogger Mocho Falante said...

Confesso que conheço pouco da obra, mas tenho aqui em casa alguma poesia dele...tenho de dar uma espreitadela

beijocas minha querida

 
At 10/1/07 00:39, Blogger Amaral said...

"De tarde" é espectacular, não é?...
Como eu gostaria de ser poeta assim!
Espero por ti para um comentário, Kalinka!

 
At 10/1/07 09:17, Anonymous Anónimo said...

Sempre gostei deste poema, conheci-o ainda jovem quando tive que o analisar na escola. Já passou pelo Bairro.

 
At 10/1/07 12:47, Blogger Um Poema said...

Optima escolha esta, para documentar a nota biográfica de Cesário Verde.
Um abraço

 
At 10/1/07 13:41, Blogger José Leite said...

Lindo, lindo, como as "rolinhas" homenageadas com tanta subtileza e ardor!

Parabéns pela escolha!...

Nesse tempo não havia silicone era tudo mais puro e natural...

 
At 10/1/07 13:56, Blogger augustoM said...

Mas claro que pode recitar Cesário e tudo o que quiser, não seria a única pode crer.
Um abraço. Augusto

 
At 10/1/07 14:43, Blogger Miguel said...

Kalinka,

Não conhecia a sua obra mas gostei muito deste poema ...!

Parabéns pelo post ...!

Bjks da matilde e cª!

 
At 10/1/07 17:05, Blogger Unknown said...

gostei de ler :)))
Um beijo grande
Cris

 
At 10/1/07 17:09, Blogger Andreia said...

Quando andava no liceu estudei esse senhor!

 
At 11/1/07 14:12, Blogger Isa e Luis said...

Olá amiga,

Boa escolha gostei muito!

Beijinhos

Isa

 
At 11/1/07 17:59, Blogger Maria Clarinda said...

Hoje descobri o teu blog, passei momentos optimos acompanhados pela voz da Jessica.
Parabéns

 
At 11/1/07 18:11, Anonymous Anónimo said...

Realmente a Maria tem razão o João encaixa na perfeição com o Cesário Verde. Um abraço.

 
At 11/1/07 18:59, Blogger Luís said...

O impressionismo feito verbo... Este é, de longe, um dos textos mais emblemáticos do Autor: fazes bem em divulgá-lo =)

 
At 11/1/07 21:12, Blogger Papoila said...

Kalynka! Porque será adoro este poema de Cesário Verde?
Tenho em casa O Livro de Cesário Verde.
Beijo

 

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