Como o FEMININO impera...!!!
É verdade...
seja nos filmes, tb nos romances, seja na vida real...a Mulher está sempre presente.
Vou aqui deixar-vos mais um belo filme que vi, e que gostei imenso da história, aliás esse mesmo filme foi galardoado com vários prémios em todo o Mundo.
Para quem tb viu, gostaria que comentassem a vossa opinião àcerca do mesmo.
Freud via as mulheres como enigmas de difícil resolução, não conseguia compreendê-las, comparava-as a um imenso continente africano, exótico, diferente. Um dia, desanimado, perguntou-se:
“O que quer uma mulher?” Questão à qual jamais logrou responder satisfatoriamente.
Almodôvar responde a essa questão no próprio título do seu extraordinário filme:
Almodôvar responde a essa questão no próprio título do seu extraordinário filme:
“fale com ela”, diz Almodóvar a Freud, “fale com ela”.
Trata-se de um belo filme de Almodôvar. São quatro personagens paradigmáticos da paixão humana: dois homens e duas mulheres.
Um dos homens, cujo nome é Benigno, é enfermeiro e cuida com devoção absoluta primeiramente de sua mãe (que apenas aparece por uma fala no filme) e depois transfere esse zelo a uma jovem que fazia aula de dança em uma escola de balett em frente à sua casa e por quem se apaixona perdidamente. Essa jovem sofre um acidente gravíssimo e entra em coma, estado em que permanece por quatro anos. É onde encontramos Benigno.
O outro homem é um jornalista que fica vivamente interessado numa mulher que está sendo entrevistada na televisão. É uma toureira, que encarna com a maior beleza e dignidade a máscara da tragédia e da paixão. Essa mulher também entra em coma após um acidente gravíssimo na arena, onde se deixa atacar pelo touro bravio.
No início do filme, os dois homens que não se conhecem, estão lado a lado assistindo a uma apresentação de Pina Baush: duas mulheres tristíssimas, absolutamente solitárias, soltas e perdidas num palco/mundo mobiliado aleatoriamente de cadeiras, onde elas só não tombam pela acção desesperada de apenas um homem, igualmente triste e solitário que tenta abrir-lhes espaço. Mas batem nas paredes, caem no chão...num movimento contínuo de...desesperança.
Pina Baush sabe pegar no âmago...
O jornalista se emociona, Benigno, o enfermeiro nota o vizinho.
Os dois homens reencontram-se tempos depois no hospital, Benigno cuidando da bailarina, em coma, o jornalista acompanhando a toureira, também em coma.
E vamos acompanhando cada vez mais fascinados o desdobrar do filme, o desdobrar da vida. Almodôvar nos faz acompanhar por uma música maravilhosa, nos brinda com um Caetano Veloso no auge de sua sensibilidade e faz ressuscitar Elis Regina na alma da toureira. E revela também, pela boca de Benigno, o desejo de toda mulher.
“A mulher precisa ser tocada, mimada, acariciada, você precisa falar com ela, ouvir seus segredos... fale com ela....”
No seu estado paradisíaco de indiferenciação sexual, na sua ingenuidade infantil, Benigno dedica-se de corpo e alma à adoração e aos cuidados daquela mulher viva/morta. Mais do que isso, Benigno realiza um dos sonhos mais secretos da mulher: o de ter um homem que se dedique inteiramente a ela. E essa linda mulher em coma, realiza um dos sonhos mais secretos do homem: o de ter uma mulher absolutamente à sua mercê. Fantasias do inconsciente mais profundo de cada um de nós, homens e mulheres, fantasias essas às quais não temos mais acesso, mas que continuam a fermentar em nossas almas.
Difícil, mais tarde na vida, o homem poder, de facto, entregar-se à mulher...
Mas as coisas vão se complicando... assim como na vida...
As duas mulheres, em estado de coma profundo, parecem ser o paradigma do talvez absoluto e intransponível abismo entre o homem e a mulher. São dois mundos quase que radicalmente impossíveis um ao outro.
Quando a belíssima e trágica toureira se deixa matar, após ter reatado com seu grande amor, ficamos em estado de choque. Por que ela se deixou matar?
Em cenas anteriores, ela flertava com a morte, ela desafiava a morte.
Lá, no entanto, era mais fácil compreender, pois estava separada de seu homem. A vida já não tinha valor algum em comparação com a perda de seu amor.
Ela se deixa matar, porém, após o reatamento.
Só podemos compreender esse gesto como um acto de sacrifício ao amor.
Ela “sabia”, no mais recôndito de seu ser que amor algum vivido poderia corresponder ao profundo anseio de amor que sentia, realidade alguma poderia jamais corresponder à fantasia de gozo absoluto. Ela sabia que seu imenso e trágico amor estavam fadados ao insucesso, como os grandes e trágicos amores da literatura...e da vida...Romeu e sua Julieta, Tristão e sua Isolda, o louco Otelo com sua trágica Desdêmona...
Trata-se de um belo filme de Almodôvar. São quatro personagens paradigmáticos da paixão humana: dois homens e duas mulheres.
Um dos homens, cujo nome é Benigno, é enfermeiro e cuida com devoção absoluta primeiramente de sua mãe (que apenas aparece por uma fala no filme) e depois transfere esse zelo a uma jovem que fazia aula de dança em uma escola de balett em frente à sua casa e por quem se apaixona perdidamente. Essa jovem sofre um acidente gravíssimo e entra em coma, estado em que permanece por quatro anos. É onde encontramos Benigno.
O outro homem é um jornalista que fica vivamente interessado numa mulher que está sendo entrevistada na televisão. É uma toureira, que encarna com a maior beleza e dignidade a máscara da tragédia e da paixão. Essa mulher também entra em coma após um acidente gravíssimo na arena, onde se deixa atacar pelo touro bravio.
No início do filme, os dois homens que não se conhecem, estão lado a lado assistindo a uma apresentação de Pina Baush: duas mulheres tristíssimas, absolutamente solitárias, soltas e perdidas num palco/mundo mobiliado aleatoriamente de cadeiras, onde elas só não tombam pela acção desesperada de apenas um homem, igualmente triste e solitário que tenta abrir-lhes espaço. Mas batem nas paredes, caem no chão...num movimento contínuo de...desesperança.
Pina Baush sabe pegar no âmago...
O jornalista se emociona, Benigno, o enfermeiro nota o vizinho.
Os dois homens reencontram-se tempos depois no hospital, Benigno cuidando da bailarina, em coma, o jornalista acompanhando a toureira, também em coma.
E vamos acompanhando cada vez mais fascinados o desdobrar do filme, o desdobrar da vida. Almodôvar nos faz acompanhar por uma música maravilhosa, nos brinda com um Caetano Veloso no auge de sua sensibilidade e faz ressuscitar Elis Regina na alma da toureira. E revela também, pela boca de Benigno, o desejo de toda mulher.
“A mulher precisa ser tocada, mimada, acariciada, você precisa falar com ela, ouvir seus segredos... fale com ela....”
No seu estado paradisíaco de indiferenciação sexual, na sua ingenuidade infantil, Benigno dedica-se de corpo e alma à adoração e aos cuidados daquela mulher viva/morta. Mais do que isso, Benigno realiza um dos sonhos mais secretos da mulher: o de ter um homem que se dedique inteiramente a ela. E essa linda mulher em coma, realiza um dos sonhos mais secretos do homem: o de ter uma mulher absolutamente à sua mercê. Fantasias do inconsciente mais profundo de cada um de nós, homens e mulheres, fantasias essas às quais não temos mais acesso, mas que continuam a fermentar em nossas almas.
Difícil, mais tarde na vida, o homem poder, de facto, entregar-se à mulher...
Mas as coisas vão se complicando... assim como na vida...
As duas mulheres, em estado de coma profundo, parecem ser o paradigma do talvez absoluto e intransponível abismo entre o homem e a mulher. São dois mundos quase que radicalmente impossíveis um ao outro.
Quando a belíssima e trágica toureira se deixa matar, após ter reatado com seu grande amor, ficamos em estado de choque. Por que ela se deixou matar?
Em cenas anteriores, ela flertava com a morte, ela desafiava a morte.
Lá, no entanto, era mais fácil compreender, pois estava separada de seu homem. A vida já não tinha valor algum em comparação com a perda de seu amor.
Ela se deixa matar, porém, após o reatamento.
Só podemos compreender esse gesto como um acto de sacrifício ao amor.
Ela “sabia”, no mais recôndito de seu ser que amor algum vivido poderia corresponder ao profundo anseio de amor que sentia, realidade alguma poderia jamais corresponder à fantasia de gozo absoluto. Ela sabia que seu imenso e trágico amor estavam fadados ao insucesso, como os grandes e trágicos amores da literatura...e da vida...Romeu e sua Julieta, Tristão e sua Isolda, o louco Otelo com sua trágica Desdêmona...
O que Almodôvar nos conta é a grande história de amor impossível entre homens e mulheres, é o grande manual de decifração das mulheres, é a impossibilidade, a mais radical e absoluta, do encontro desejado, perene e permanente.
E é também uma ode à vida quando recoloca frente a frente um homem e uma mulher recomeçando uma vez mais e sempre, a recriação do mundo.
A vida chama, e o amor é a única e impossível saída.
E é também uma ode à vida quando recoloca frente a frente um homem e uma mulher recomeçando uma vez mais e sempre, a recriação do mundo.
A vida chama, e o amor é a única e impossível saída.
19 Comments:
Não vi o filme, por isso não posso comentar.
Mas pela descrição que fazes, parece ser um filme denso e perturbadpr.
Como, em geral, acontece nas películas de Almodôvar.
Fica em agenda.
És uma verdadeira cinéfila, com características de crítica cinematográfica.
"A vida chama e o amor é a única e impossível saída" - não sei quem a referiu. Mas enganou-se na saída, certamente, porque o amor é, sem dúvida, a saída possível…
Vi o filme e achei-o muito perturbador: é efectivemante uma bonita história de amor, mas também é a história de uma violação! De qualquer modo, a Almodôvar foi (é) magistral, a abordar o assunto, sem juízos de valor e de forma absolutamente singela.
Filme a não perder.
Beijos
RESPOSTA:
COMO O MEU TEMPO ESTÁ CADA VEZ MAIS ESCASSO, ESTOU A PENSAR DEIXAR DE RESPONDER INDIVIDUALMENTE AQUI AOS COMENTÁRIOS DAS PESSOAS QUE ME VISITAM, daí que leia o comment e depois irei ao blog da própria pessoa e lá responderei...vou fazer a experiência, para tentar me rentabilizar o tempo.
Logo encontrarei uma solução.
COLOQUEI UMA BALADA LINDÍSSIMA, MAS PARECE QUE POUCAS PESSOAS REPARARAM NELA, acho-a maravilhosa para ser ouvida com atenção, nestes dias que estão frios e pelas 17 horas é de noite.
BOM FERIADO A TODOS.
Beijokas.
PECISCAS: Já deixei a resposta no teu blog. Quanto ao filme, espero mesmo que fique em lista e que o vejas, não o percas. Beijokas.
AMARAL:
Meu Deus, que palavras lindas e lisonjeadoras, fico toda babada.
Quanto à frase final foi mesmo escrita por mim, com intenção,
porque, por norma seria:
A vida chama, e o amor é a única e possível saída...! Mas, nem todos os filmes terminam da mesma forma: e eles foram felizes para sempre...por isso, quis dizer que tanto pode ser possível como impossível, e nos dias de hoje, é mais x impossível do que possível.
Obrigado pelo reparo, mas são formas diferentes de ver a realidade. Beijokas.
PITUCHA:
Amiga, muito obrigada pelas tuas visitas aqui e pelos comentários que deixas. Eu é que ando em falha contigo e com todos, no geral...sabes, como me habituei a responder aqui aos comments das pessoas depois já ñ tenho tempo de ir ao blog da pessoa e voltar a escrever...mas, vou mudar esta forma de atitude, está em estudo e vou passar à experiência.
Ainda bem que me entendeste sobre o filme, e concordo plenamente:
Filme a não perder!!!
Beijokas quentinhas.
Aguçaste-me o apetite. Tenho de ver esse filme.
Sobre a música algo no meu comp. me impede de ouvir a tua balada. Não consigo pôr em movimento .
Bom fim de semana.
Beijos
E o som envolvente da balada continua a fazer-nos sorrir, neste mundo em que o feminino impera...
embalado ou a embalar o masculino.
Bjs.
:)
LUMIFE:
já fui ao teu blog deixar uma resposta. Beijokas.
A. CARLOS:
Ainda bem que tu consegues ouvir a balada, fico feliz.
Muito obrigado pela visita, vou também visitar-te ainda hoje.
Palavras verdadeiras as tuas, também me sinto embalada com esta envolvente balada...Beijokas.
O feminino sempre imperou... não é novidade. Vocês sempre foram mais fortes e não estou a dizer isto para dar graxa!!
Quanto aos comentários... tenho que reformular a minha lista de links, o que ainda não fiz e tu comentas sempre sem a indicação do teu blog....
Eis a razão... mas passarei a cá vir mais, até porque gosto do modo como escreves.
Um beijo grande.
"A mulher precisa ser tocada, mimada, acariciada, você precisa falar com ela, ouvir seus segredos... fale com ela..."
Parece-me que é sobre esta necessidade que este excelente filme se debruça.
Obrigada por mo recordares, agora que já passou algum tempo depois de o ter visto.
A música do teu blog é linda, sim :-)
Um beijo, amiga.
vim só mesmo aqui dar-te uma beijoca, porque o cansaço não me permite mais.... mas ainda cá venho ler o post
xuac
Fiquei curiosa em relação a este filme..
gostei do teu relato.
bom fim de semana.
bjs
MFC:
Pois, eu sei que comento, agora se fica registado o nome do blog, isso não reparei ainda, mas vou fazer questão de que seja eu mesma a escrever o nome, para não falhar.
Conseguiste com algumas palavras que me tocaram cá bem fundo, deixares-me sensibilizada e também feliz. As tuas palavras sobre o k escrevo são lindas demais...muito obrigado. Volta sempre!!!
Beijokas.
MOCHO FALANTE: És mesmo um QUERIDO.
Mortinho de cansaço e, quando mais querias uma cama para dormir em paz, ainda vieste cá deixar-me um recadinho...fico muito agradecida, a sério.
Mas, assim que estejas mais liberto de cansaço e sono, vem sim, que eu gosto que comentes os meus posts...e, sobre cinema já percebi k como cinéfilo tens muito mais bagagem do k eu.
Cá te espero. Beijokas.
Prima, li este post umas 3 vezes. Achei linda esta história, mesmo não conhecendo o filme. A mulher precisa mesmo sentir-se amada e desejada senão não vive. Apenas existe. Amei, amei, amei. Beijos
ÂNGELA:
Fiquei contente por escreveres que leste este «post» umas 3 vezes...fossem as que fossem, pelo menos algo mexeu contigo...e, acredita também mexeu comigo quando vi o filme, já há uns anos atrás, mas é belo e muito sensível para a Humanidade.
Que bom que amaste o meu «post», estes elogios também fazem muito bem ao meu ego. Muito obrigado.
Beijokas.
Vi o filme, gostei mas foi perturbador.
Está subjacente à dedicação uma obssecação que se concretiza numa violação.
Confesso...fiquei incomodada.
MAs vale a pena ver.
virei mais vezes
PATA:
Muito obrigado pela tua 1ª visita ao meu «cantinho», adorei.
Espero que te tenha agradado e voltes mais vezes, assim como o dizes.
Já deixei uma palavra de agradecimento no teu blog, pois também fiquei curiosa e fui lá «espreitar».
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