VOLTEI...
Apareci, assim do nada, com um post sobre um filme que adoro.
Mas, preciso de falar do meu regresso...
Ainda não é hoje, hoje é através de uma poesia que adorei.
Autora : Alda Lara, Angolana
"Regresso"
Quando eu voltar,
que se alongue sobre o mar,
o meu canto ao Creador!
Porque me deu, vida e amor,
para voltar...
Voltar...
Ver de novo baloiçar
a fronde magestosa das palmeiras
que as derradeiras horas do dia,
circundam de magia...
Regressar...
Poder de novo respirar,
(oh!...minha terra!...)
aquele odor escaldante
que o humus vivificante
do teu solo encerra!
Embriagar
uma vez mais o olhar,
numa alegria selvagem,
com o tom da tua paisagem,
que o sol,
a dardejar calor,
transforma num inferno de cor...
Não mais o pregão das varinas,
nem o ar monotono, igual,
do casario plano...
Hei-de ver outra vez as casuarinas
a debruar o oceano...
Não mais o agitar fremente
de uma cidade em convulsão...
não mais esta visão,
nem o crepitar mordente
destes ruidos...
os meus sentidos
anseiam pela paz das noites tropicais
em que o ar parece mudo,
e o silêncio envolve tudo
Sede...Tenho sede dos crepusculos africanos,
todos os dias iguais, e sempre belos,
de tons quasi irreais...
Saudade...Tenho saudade
do horizonte sem barreiras...,
das calemas traiçõeiras,
das cheias alucinadas...
Saudade das batucadas
que eu nunca via
mas pressentia
em cada hora,
soando pelos longes, noites fora!...
Sim! Eu hei-de voltar,
tenho de voltar,
não há nada que mo impeça.
Com que prazer
hei-de esquecer
toda esta luta insana...
que em frente está a terra angolana,
a prometer o mundo
a quem regressa...
Ah! quando eu voltar...
Hão-de as acacias rubras,
a sangrar
numa verbena sem fim,
florir só para mim!...
E o sol esplendoroso e quente,
o sol ardente,
há-de gritar na apoteose do poente,
o meu prazer sem lei...
A minha alegria enorme de poder
enfim dizer:
Voltei!...
Nota: esta poesia foi escrita em 1948, quando a autora viveu alguns anos em Coimbra e Lisboa, onde se formou em medicina. Voltou, na verdade, e faleceu em 1962, em Cambambe, ANGOLA
"Regresso"
Quando eu voltar,
que se alongue sobre o mar,
o meu canto ao Creador!
Porque me deu, vida e amor,
para voltar...
Voltar...
Ver de novo baloiçar
a fronde magestosa das palmeiras
que as derradeiras horas do dia,
circundam de magia...
Regressar...
Poder de novo respirar,
(oh!...minha terra!...)
aquele odor escaldante
que o humus vivificante
do teu solo encerra!
Embriagar
uma vez mais o olhar,
numa alegria selvagem,
com o tom da tua paisagem,
que o sol,
a dardejar calor,
transforma num inferno de cor...
Não mais o pregão das varinas,
nem o ar monotono, igual,
do casario plano...
Hei-de ver outra vez as casuarinas
a debruar o oceano...
Não mais o agitar fremente
de uma cidade em convulsão...
não mais esta visão,
nem o crepitar mordente
destes ruidos...
os meus sentidos
anseiam pela paz das noites tropicais
em que o ar parece mudo,
e o silêncio envolve tudo
Sede...Tenho sede dos crepusculos africanos,
todos os dias iguais, e sempre belos,
de tons quasi irreais...
Saudade...Tenho saudade
do horizonte sem barreiras...,
das calemas traiçõeiras,
das cheias alucinadas...
Saudade das batucadas
que eu nunca via
mas pressentia
em cada hora,
soando pelos longes, noites fora!...
Sim! Eu hei-de voltar,
tenho de voltar,
não há nada que mo impeça.
Com que prazer
hei-de esquecer
toda esta luta insana...
que em frente está a terra angolana,
a prometer o mundo
a quem regressa...
Ah! quando eu voltar...
Hão-de as acacias rubras,
a sangrar
numa verbena sem fim,
florir só para mim!...
E o sol esplendoroso e quente,
o sol ardente,
há-de gritar na apoteose do poente,
o meu prazer sem lei...
A minha alegria enorme de poder
enfim dizer:
Voltei!...
Nota: esta poesia foi escrita em 1948, quando a autora viveu alguns anos em Coimbra e Lisboa, onde se formou em medicina. Voltou, na verdade, e faleceu em 1962, em Cambambe, ANGOLA
16 Comments:
Que poema tão bonito!
Beijinhos e um bom dia para ti, Kalinka
Sua volta é importante para nós!
"Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo,
mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata."
beijinhussssssssss princesa...
Voltaste e com um abela partilha ... ainda bem que o fizeste ... as coisas sem uma pessoa como tu por aqui ficavam sempre muito mais vazias !!!!
Bjoca encaracolada e feliz com o regresso !!!! :))))
Olá menina,
Belo poema, amei de verdade.
É bom voltarmos ás nossas raízes.
Beijinhos muitos para ti
Querida Kalinka,
...o poema é lindo sem duvida!...Ainda bem que a sua autora conseguiu realizar o seu desejo e voltar!...
Agora em relação á pergunta que me deixas-te...não não tenho nehum curso de fotografia :))) aquelas que aparecem com efeitos são trabalhadas num programa super-simples que é o Nero PhotoSnap.
Beijinhos muitos para ti..e muito animo :)))
Kalinka entrar e ler Alda Lara, encantou-me, este poema é dos mais belos que ela tem, não sei se alguma vez te disse, mas eu nasci em Angola e como ela desejava voltar às minhas raízes, tenho a certeza que vou voltar, o cheiro daquela terra está impregnado em mim e tantas histórias que foram narradas pelo meu pai, a saudade existe em mim, ia descansar e passei por aqui para te desejar uma boa noite e leio este poema que me encheu a alma
És linda e conseguiste tocar-me, os nos meus sonhos hoje vou sentir o cheiro a África e lembrar-me de momentos que ainda estão na minha lembrança, momentos belos, onde as acácias rubras enfeitavam, as ruas da cidade, saudade é a palavra que mais sinto
E como sinto a voz da noite deixo-te um poema dela que também adoro:
Prelúdio
Pela estrada desce a noite
Mãe-Negra, desce com ela...
Nem buganvílias vermelhas,
nem vestidinhos de folhos,
nem brincadeiras de guisos,
nas suas mãos apertadas.
Só duas lágrimas grossas,
em duas faces cansadas.
Mãe-Negra tem voz de vento,
voz de silêncio batendo
nas folhas do cajueiro...
Tem voz de noite, descendo,
de mansinho, pela estrada...
Que é feito desses meninos
que gostava de embalar?...
Que é feito desses meninos
que ela ajudou a criar?...
Quem ouve agora as histórias
que costumava contar?...
Mãe-Negra não sabe nada...
-
Mas ai de quem sabe tudo,
como eu sei tudo
Mãe-Negra!...
Os teus meninos cresceram,
e esqueceram as histórias
que costumavas contar...
Muitos partiram p'ra longe,
quem sabe se hão-de voltar!...
Só tu ficaste esperando,
mãos cruzadas no regaço,
bem quieta bem calada.
É a tua a voz deste vento,
desta saudade descendo,
de mansinho pela estrada..
ALDA LARA
uma noite linda para ti, cheia de sonhos belos,
beijinhos muitos menina linda e o meu abraço cheio de ternura
lena
O regresso da guerreira na voz da poetisa que fala e que sente como ninguém. Saudades, saudades e a alegria de voltar…
Olá, Kalinka!
É muito bom sentir esta alegria, sentir o teu regresso!
Linda poesia!
Bjs
É mesmo bom sentir essa alegria.
Adoro África! A música, as cores, a comida e adorei o poema.
Bjs
Que poema lindo!!!
Arrepiei-me completamente ao lê-lo.
Quem sabe um dia...também hei-de voltar a Angola, minha terra.
Verei as acácias, sentirei o cheiro da terra molhada, verei o pôr do sol que não me caberá nos olhos...Ai, saudades.
ora também sabe muito bem saber que regressaste. Fazias muita falta
beijocas doces
Belo! Muito sentido. Gostei imenso.
Fazes muito bem em publicar poemas como os da Alda Lara.
Beijos
O mais curioso é como uma autora, com um conjunto de palavras toca tanta gente e aviva tantas memórias. A poesia é a arte de nos transportar, de fazer correr o pensamento e de sentir o que já se sentiu.
Às vezes é preciso ir para depois voltar. O regresso sabe sempre bem, mas assim deve ser sentida a pertida também!
:)
que saudade da terra angolana.
também queria lá voltar um dia.
Africa Minha...
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