sábado, dezembro 30, 2006

...já em contagem decrescente...para 2007



Come da refeição
que eu preparei
cansada
depois de
um dia de trabalho
mas não me digas
a delícia
que era
Passeia-te
no chão que eu varri
juntamente com as ideias
minhas
Suja os cinzeiros
que o instinto já limpa
enquanto que a preguiça
refastelada ao teu lado
te adula
me provoca insolente
a minha passividade
Ouve da música
que instalo
no ar aprisionado
da casa
em Inverno que gela
as notas fugitivas
Mas não me digas
nada
e sobretudo
não me aumentes
o som
que me atormenta os ouvidos
vazios
Deita-te tardio
nos algodões brancos
que preparei,
já a pensar no sonho
Come regalado
dos meus lábios
avermelhados de febre
que não se debatem
Mas não me interrompas
o silêncio
Saboreia do meu corpo
estendido
Pisa do teu peito forte
o meu frágil
Que não te envia
portanto
o ritmado tambor
que abafo
Intoxica com o teu hálito
forte e acigarrado
o meu respirar
asfixiado
Ejacula-te
aonde quiseres
mas não me perguntes
se tive orgasmos
que eu entretanto
vou espreitando
pelas brechas da azáfama
o sol que esqueço
que eu entretanto
vou espreitando
pelas frinchas
do meu mover eterno
a neve que cai
agora enquanto
escrevo
(tirado da net)

segunda-feira, dezembro 25, 2006

Natal...já não é o que era!!!


Mais uma noite de
consoada que passa
num abrir e fechar
de olhos...
Centenas de pessoas
que deixam suas casas,
se metem à estrada
para estarem junto
de familiares próximos.
(até o boneco de neve parece estar enregelado, coitado...as temperaturas estão muito baixas, o frio aperta)
Caixas e embrulhos nas mãos das pessoas, são prendas e mais prendas.
Em Portugal, a tradição repete-se um pouco por todo o país, embora nas grandes cidades tudo se passe numa atmosfera essencialmente cosmopolita. Nesta noite do dia vinte e quatro, toda a família se reúne. Sensivelmente por volta das vinte e uma horas, a grande família reencontra-se à mesa: Come-se o tradicional «Bacalhau à Portuguesa»: bacalhau cozido, batatas, couve portuguesa, cenouras e ovos. Tudo, acompanhado generosamente pelo bom azeite, vinagre; há quem goste de temperar com um pouco de pimenta e alho.
Aqui começa a «desgraça dos mais pequenos», qual é a criança que gosta de comer bacalhau? Mas, os Pais não pensam nisso...e, como se faz o bacalhau para todos os adultos, as crianças acabam por estar a fazer um frete quando alguém os obriga a comer «aquilo»...
Chega então a sobremesa! Uma enorme mesa, pródiga das mais belas iguarias da doçaria portuguesa: rabanadas, coscorões, filhozes, aletria polvilhada e aromatizada com canela, sonhos, pudim conventual de ovos... Excêntricos requintes para o paladar! O célebre Bolo-Rei partilha desta tradição e os mais velhos e apreciadores acompanham-no com um cálice de perfumado vinho do Porto.
MAS...
incomoda ver a maioria das pessoas a comer à pressa, é assim que estão habituados a comer e não há diálogo, é despachar, para arrumar a mesa, lavar as louças...e,
as crianças sentem a tão habitual «falta de atenção» para com elas e, começam a fazer birras, por isto ou por aquilo, porque não dormiram a sesta...enfim...e, quando há mais crianças juntas, uns de tão excitados que estão gritam, correm e põem as outras crianças também excitadas e... insuportáveis de aturar.
Acontece que os Paisinhos começam a perder a paciência e... olham um para o outro e dizem: é melhor começar a entrega das prendas!!!
Então, pelas 10h 30m faz-se de conta que alguém bate à porta... e o Pai Natal - um familiar disfarçado por trás de uma longa barba branca e vestido a rigor - faz a sua entrada, soltando o tradicional e esfuziante: - Ho! Ho! Ho!
Só que, estas crianças de hoje, já nascem de olhos bem abertos e, com apenas 4 anos, a Catarina...olha bem para o «tal Pai Natal» e diz:
- é o meu Pai...!!!
um silêncio corta a esfusiante excitação de todos que pensavam que ela ia acreditar naquela fantasia. Mas, observadora como ela é, diz muito rapidamente: já disse que é o meu Pai, eu estou a ver os sapatos dele!!!
...
...algumas vozes se levantam e tentam explicar que o Pai Natal deve ter comprado uns sapatos iguais ao do Pai dela...mas, ela não se deixa enganar.
Vejam só o detalhe do «pormenor»...
No ano passado, com os seus 3 aninhos, ela acreditou piamente na história.
Fecha-se a porta, chama-se a Catarina para a sala, para ver as prendas e, alguém avisa o Pai que vá mudar de sapatos antes de aparecer diante da sua pequena filha de 4 anos, mas já tão perspicaz.
Ele - o verdadeiro Pai, assim fez e foi calçar uns ténis brancos que contrastavam com os tais sapatos pretos que «ela» conheceu; chega perto de sua filha que já estava entusiasmada a abrir os presentes do Pai Natal e, ela diz-lhe: mostra os teus sapatos e ele mostra e, ela fica com ar de quem irá acreditar ou não!!!
Para o ano outro alguém terá que fazer de «Pai Natal» porque ela irá lembrar-se do que aconteceu e olhará para todos os lados para ver se o Pai está em casa...
Segue-se a abertura das prendas e...são tantas que as crianças acabam de rasgar um embrulho e já querem rasgar o próximo...sem ver o que estava dentro daquele embrulho que acabou de abrir...
Não...não gosto desta parte.
Não concordo com o exagero de prendas e todas no mesmo dia, à mesma hora...eu prefiro dar uma prenda cada mês do ano do que 10 para serem abertas em 10 minutos...as crianças não dão valor a isso!!!
Perde a graça toda.
Depois, cada um regressa a suas casas...
É a isto que se chama «reunião de família»?
É a isto que dizem ser o «espírito de Natal»?
Gostaria de acreditar que a minha visão do período natalino possa mudar um pouco no futuro; no entanto, acredito que nunca irei ter paciência para o consumismo desenfreado da época, para as enormes filas nos centros comerciais, para o cinismo familiar e para discuros hipócritas sobre paz e fraternidade.
É pena que os sentimentos de harmonia e as doações para os pobrezinhos durem apenas uma quinzena, em todo o lado, até nos canais de televisão fazem o mesmo, só nesta época do ano apelam às campanhas de sensibilização...afinal, quem dá o exemplo?
No dia 26 de Dezembro já está tudo esquecido, viramos a cara à pobreza e estamos prontos para espezinhar quem se cruze no nosso caminho.
Sempre me irei irritar com o Natal das mesas exageradamente fartas e do excesso de brinquedos caros oferecidos a crianças cada vez mais egoístas e materialistas. Lá fora no frio, existirão sempre pessoas que irão apenas comer uma sopa e que não poderão oferecer nada aos seus filhos. Era isto que que Jesus queria para o nosso mundo, quando nasceu neste dia? Recuso-me a acreditar que sim...
Seja como for, e como todos não podem partilhar das mesmas ideias que eu, gostaria de desejar um Feliz Natal para todos os meus amigos, comentadores e leitores deste modesto blogue.

e, para o Ano há mais...

sábado, dezembro 23, 2006

A minha canção de Natal em 2006


Cheguei a New York numa 6ª feira gélida - dia 8 de Dezembro.
Foi precisamente o dia mais frio durante a minha estada na City - Big Apple.
E, ao anoitecer perguntei no hotel, o que haveria de interessante para ver à noite nesse dia e, a resposta que me deram, depois de saberem que eu vinha da Europa, foi que havia um encontro no Central Park, em homenagem a John Lennon, pois ele tinha sido assassinado num dia 8 de Dezembro.
E, lá fui eu - gelidamente tiritando - até ao Central Park.
Fiquei deveras emocionada com as centenas de pessoas, muito jovens ainda, que ali estavam para a homenagem póstuma a John Lennon.
Todos em redor deste trabalho que foi feito em calçada portuguesa, num canto oeste do Central Park, perto da casa onde ele vivia e onde foi assassinado.

Porque ainda está muito fresco na minha memória, a canção eleita este ano, por mim, para os festejos natalícios é:

Happy Christmas (War Is Over)

And so this is Christmas,

and what have you done?

Another year over,

and a new one just begun.

And so this is Christmas,

I hope you have fun,

The near and the dear ones,

the old and the young.

A very Merry Christmas,

And a Happy New Year.

Let's hope it's a good one,

Without any fear.

And so this is Christmas,

for weak and for strong,

For rich and for poor ones,

the road is so long.

And so happy Christmas,

for black and for white,

For yellow and red ones,

let's stop all the fight.

A very Merry Christmas,

And a Happy New Year.

Let's hope it's a good one,

Without any fear.



E, outras coisas

fiquei a saber

sobre John Lennon.

Existe esta «estátua»

feita por Jose Villa

in Parque John Lennon,

Havana, Cuba





e...

se alguém visitar o Japão, também encontrará algo que nos fará recordar John Lennon sempre:
The John Lennon Museum (Junichi Mizusawa, General Manager of the Museum/ Saitama-city, Saitama pref.) opened up the Museum Lounge as a place to provide new service for visitors to the Museum on June 1, 2006 - recente.

(The Museum Lounge)


The John Lennon Museum opened to the public on October 9, 2000, the 60th anniversary of John Lennon’s birth. Approved formally by his partner Ms. Yoko Ono, it is the first museum of its kind anywhere in the world. The Museum is located on the 4th and 5th floors of Saitama Super Arena in Saitama Shintoshin (Saitama New Urban Center).

quarta-feira, dezembro 20, 2006

é Natal...é Natal...

o NATAL aproxima-se a passos largos

muito frio nas ruas, aldeias e cidades

mas, esperamos todos muito calor nos nossos corações;

altas temperaturas junto de familiares e Amigos

para nos aquecer os pés e mãos, que tiritam de frio

nestes dias, com temperaturas a zero e até abaixo de zero!

Interrogo-vos:

Qual a prenda que mais gostariam

de receber este Natal?

(peço-vos que digam mesmo do fundo do coração aquilo que mais querem, esqueçam o que parece bem ou mal...eu também disse que a prenda que queria era visitar N.Y. e assim o fiz...por isso falem de coisas materiais e não à paz no mundo! essa já todos nós sabemos que faz muita falta...)

Para os Amigos que têm os Amigos felinos e caninos na vossa companhia, para passar o Natal, pensem também numa prenda para os ditos...

VOTOS DE UM SANTO NATAL, NA PAZ E NA ALEGRIA, COM SAÚDE E FELICIDADE.

domingo, dezembro 17, 2006

New York...New York

Assim como que uma prenda antecipada de Natal - acabei de realizar um sonho de há vários anos - visitar New York.
A minha chegada à City foi no dia 8 - Feriado, um dia bastante frio, por sinal.
Deu para ver logo no aeroporto, a organização na chamada e utilização de um táxi; alguém que não o motorista fala com as pessoas, fica a saber para onde nos dirigimos e fica logo estipulado o preço do táxi e escrito num papel...o que cá em Portugal não acontece e, muitos turistas sentem que são «roubados» e pedem-lhes o preço que entendem (cada um faz o seu preço).
Fiquei inicialmente perto de South Street Seaport e aproveitei para explorar a zona junto ao rio.
Encontrei a Chorus Tree at South Street Seaport logo na primeira caminhada com destino ao Pier 17 à procura de um lugar para jantar e, esta é a imagem que retive deste belo coro de Natal, imensas pessoas de todas as idades colocadas desta forma cantando em várias vozes - Lindo.
O espírito de Natal sempre presente, nas ruas, nas decorações, na dedicação das pessoas.



e, ali junto ao rio, muitas outras imagens captei:

Neste barco está o Museu do Mar (fotos tiradas por mim)

esta zona é Downtown New York


e o famoso Pier 17...

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Já voltei...


Sim, é verdade
Meus Amigos(as)
Já voltei... hoje mesmo.
E, como vos tinha prometido.
Cá estou na vossa companhia.
Muito Feliz por receber tantas palavras de carinho vossas...e,
prometo que não se fala mais em tristezas...
essas mando-as para bem longe e,
tal como diz o poeta Eugénio de Andrade:

É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor,
é urgente
permanecer.
(Eugénio de Andrade)

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Simplesmente...Nada

Um quarto vazio
Minha alma
Paredes brancas e tristes
meu olhar embriaga o meu ser
nas noites frias de solidão
anestesiada de sofrimento
já não sinto dor alguma
estou amarga, sim,
amarga e sozinha
sinto-me como se não tivesse identidade,família, passado.
E o futuro?
Este já nem sei se vou vivê-lo.
Tudo que possuo é esta solidão que acorda e adormece comigo
na cama inundada de lágrimas.
Ponho uma música antiga
que me encoraja a recomeçar
mas estou fraca,
fraca como nada.
Me olho no espelho
e tudo que vejo é uma moldura envelhecida,
sem nada para mostrar,
sem nada para falar,
simplesmente nada.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Receita especial de Natal

Prepare uma forma do tamanho do Mundo.

Barre com muito Amor.

Polvilhe, mesmo levemente, com Fraternidade.

Bata, em separado, uma boa dose de Amizade.

Junto um sorriso de criança com flores de ternura e tolerância.

Misture tudo na forma

Até que a massa fique consistente.

Leve a lume brando indefinidamente.

Faça a cobertura com pedaços de Paz que conseguir reunir!

Ah! Não é necessário mal!

Sirva-se em todo o lado, todo o ano.

É esta a minha receita de Natal!!!

FELIZ NATAL

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Preparar a chegada do NATAL

Meus Amigos(as)
Sei que muitos de vós têm GATOS.
Por isso, devem apreciar estas belas fotos... apenas para ver, a forma de «tentar» organizar os enfeites de Natal, incluindo a árvore de Natal, com estes felinos por perto.




Gatos
"Um gato vive um pouco nas poltronas, no cimento ao sol, no telhado sob a lua. Vive também sobre a mesa do escritório, e o salto preciso que ele dá para atingi-la é mais do que impulso para a cultura.
É o movimento civilizado de um organismo plenamente ajustado às leis físicas, e que não carece de suplemento de informação.
Livros e papéis, beneficiam-se com a sua presteza austera.
Mais do que a coruja, o gato é símbolo e guardião da vida intelectual."
(«Perde o gato» - crónica de Carlos Drummond de Andrade)





Vejam esta moldura, rica em animais, qual deles o mais fotogénico?

Votos de Bom mês de Natal, umas mini-férias para alguns, para muitos de vós a confusão de andar às compras de presentes para a família, seja como for, divirtam-se é o que vos desejo.

Mas, convém que todos nós nos lembremos da palavra e do acto: SOLIDARIEDADE.

sábado, dezembro 02, 2006

ESTÁTUAS (4)



Estátua

Serena no jardim
tão leve ao luar,
como a sonhei assim,
tê-la suave enfim
na onda do amar
Os meus olhos sem cor
e o mármore gelado,
ó perdi-me de dor
sim, por sonhar o amor,
sereno, alado.
E luz que me ilumina,
tão branca, tão forte,
em mim já domina,
a dor vil que declina,
as vagas da sorte.
(Albert Castle 1988)